13 de fevereiro de 2010
dias de luta, dias de glória maio 12, 2009
OgAAAFdI3RnEktTSGM4FcstVUV7vcOjnH0_e4GjnJHFwWPvhUS8c20gv_nHAWnQS74LX3SQMm8WxZJfYIDLTvsrecQEAm1T1UG5fKsgRHI0BOY6Dxlx0hkQkwAyHEram muitos estudantes – centenas! Em uma das
maiores manifestações que a UFMT viu nos últimos anos, eles só queria uma coisa: ser ouvidos. Nem que precisassem gritar palavras de ordem até não agüentar mais, nem que ficassem roucos, gritariam. E cantavam também, porque o poeta já disse uma vez: “cantamos, porque o grito só não basta.” Cantavam pela democracia e pelo diálogo, pela discussão e pelo debate. Isso mesmo, o debate, o conflito de idéias, as opiniões diversas. E gritaram muito, exercendo o supremo direito do cidadão de se mostrar descontente com as ações daqueles que nos representam.
Um bafo quente tomava conta da sala de reuniões da reitoria. Afinal, aquilo estava mais lotado do que transporte coletivo às seis da tarde. Mas nada do que acontecesse faria aqueles estudantes esmorecerem, nem mesmo aquele forno a vapor. E a Excelentíssima senhora se sentava na cadeira com o maior encosto, porque é preciso mostrar autoridade nestes momentos. E escutou em silêncio a maioria do tempo, às vezes até virava de lado e fofocava alguma coisa com a moça à sua direita, às vezes fazia careta como quem diz: esses jovens não sabem de nada!
Errado, sabemos e muito. Sabemos discernir entre o bom e o mal, entre o bem feito e o mal feito, entre as políticas que melhoram e as que pioram a educação. Mas essa nem era a questão! Queríamos somente ser ouvidos. E nada de reuniões a portas fechadas, como quem tem medo da multidão e do grito não abafado. Nossa reivindicação pura e simples era que se convocasse um fórum deliberativo onde poderíamos realmente fazer valer a nossa vontade, sem a falsa democracia dos conselhos superiores.
Sim, porque nestes conselhos temos a mísera representação de três ou quatro estudantes, responsáveis, coitados, por ir contra as dezenas de representantes da reitoria. Era por isso que lutávamos naquela tarde quente em que os uniformes dos mais diversos colégios ficaram molhados de suor. Master, Liceu Cuiabano, São Gonçalo… Estudantes de toda a Cuiabá foram até a UFMT para pedir que nos esclarecessem as dúvidas e nos garantissem que nada fosse feito em nosso nome sem a nossa permissão.
Querem mudar a vida desses estudantes sem escutá-los! Isso é absurdo, mas existe e vivemos isso diariamente nos corredores da nossa universidade. E conseguimos impedi-los, graças àqueles estudantes que querem somente uma chance para provar que são capazes e podem passar pela cruel peneira do vestibular. Querem estudar em uma universidade federal, com bons laboratórios e boas salas de aula, com bons professores e bons livros. Um direito garantido pela nossa tão desrespeitada Constituição.
Mas mesmo com o calor, a sede, a fome, a rouquidão e o cansaço, eu digo que valeu a pena. Valeu pela energia que sentimos naquele momento em que centenas eram um, e um era centenas. Valeu pela renovação no ânimo, pelo batuque dos tambores do maracatu, pelas rimas de última hora que levantavam a galera. Mas de verdade, o que valeu mesmo, na real, foi o sentimento de que ainda há esperança e que ainda há, entre nós, pessoas com a capacidade de se indignar.
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